O vitiligo afeta apenas 1% da população e não é contagioso, mas é uma das doenças dermatológicas que tem mais impacto na autoestima e qualidade de vida dos pacientes.

 

Caracteriza-se pela despigmentação da pele, provocando manchas, geralmente, bem delineadas e neste artigo vamos explorar as causas, sintomas e possíveis tratamentos desta doença crónica.

O que é o vitiligo?

O vitiligo é uma doença dermatológica que resulta de um défice ou ausência de melanócitos – células que produzem a melanina, responsável pela pigmentação da pele.

Com a perda progressiva da capacidade de produção de melanina, a pele vai adquirindo manchas (também conhecidas como lesões ou máculas) num tom claro leitoso. Na maioria dos casos, estas manchas são bem delineadas.

 

O vitiligo pode ser diagnosticado sob duas classificações principais:

  • Vitiligo vulgar: o mais comum, onde a despigmentação é simétrica, isto é, as manchas surgem em ambos os lados do corpo;

 

  • Vitiligo segmentar: mais prevalente em pacientes jovens e caracterizado pelo surgimento de manchas em apenas um dos lados do corpo. A progressão do vitiligo segmentar também é mais lenta, desenvolvendo-se bastante nos primeiros dois anos e estabilizando de seguida, na grande maioria dos casos.

 

Quais são os sintomas de vitiligo?

O sintoma mais comum de vitiligo é, também, o mais evidente: o surgimento das lesões cutâneas caracterizadas por manchas brancas em qualquer região do corpo, sendo as zonas mais comuns as que estão mais expostas ao sol: mãos, joelhos e rosto. No entanto, outras regiões do corpo também podem ser afetadas pela despigmentação, tais como:

  • Pálpebras
  • Pestanas
  • Cabelo
  • Sobrancelhas
  • Mamilos
  • Barba
  • Interior da boca
  • Mucosas

Estas manchas podem surgir de forma repentina e muito progressiva ou de forma subtil e gradual.

 

3 outros sinais associados ao vitiligo:

  1. Sensibilidade;
  2. Prurido;
  3. Ardor na área da pele afetada

Em alguns casos, pode também verificar-se o fenómeno Koebner, caracterizado pelo surgimento de lesões de vitiligo em regiões traumatizadas, como feridas na pele ou queimaduras. Ainda assim, a grande maioria dos casos de vitiligo não manifesta outros sintomas.

Alguns pacientes reportam que o surgimento dos primeiros sintomas se desencadeou após períodos de grande stress ou momentos emocionalmente marcantes (como uma gravidez ou traumatismo, por exemplo), o que reforça uma possível correlação (sem consenso ou comprovação absoluta, para já) entre eventos significativos e vitiligo.

A principal preocupação durante o despiste ou confirmação de vitiligo é a garantia da preservação do bem-estar emocional do paciente, nomeadamente, da sua autoestima e relação com a imagem corporal, que podem ficar comprometidas com o surgimento ou evolução dos sintomas.

 

Quais são as causas de vitiligo?

As causas de vitiligo ainda são desconhecidas, sem possibilidade de assumir uma intervenção preventiva. Há um consenso cada vez mais forte entre a comunidade médica e científica de que o vitiligo possa ser uma doença autoimune com predisposição genética e influência em fatores externos de risco, tais como:

  • Antecedentes familiares;
  • Doenças da tiroide;
  • Alopecia aerata;
  • Anemia perniciosa (provocada pelo défice em vitamina B12);
  • Diabetes;
  • Lupus eritematoso.

O vitiligo pode surgir em qualquer idade, com prevalência entre os 20 e os 40 anos, e é transversal a todos os tons de pele, embora se torne mais percetível, logicamente, em pacientes com a pigmentação da pele morena ou negra.

Em consulta de dermatologia, será possível realizar o diagnóstico clínico de vitiligo que, geralmente, dispensa de múltiplos exames complementares. Em alguns casos, poderá ser necessário recorrer a biópsia cutânea para confirmar a ausência ou défice de melanócitos na região afetada e, em pacientes caucasianos e com manchas mais subtis, o dermatologista poderá recorrer à lâmpada de Wood, caracterizada por uma luz florescente que ajuda na confirmação do diagnóstico.

Indivíduos com histórico familiar de vitiligo deverão manter uma vigilância periódica da pele e um plano de consultas mais regular para garantir o diagnóstico atempado e a intervenção adequada. Em determinados casos, o dermatologista poderá solicitar análises de sangue ou estudos imunológicos para despiste de doenças autoimunes correlacionadas com vitiligo.

 

Quais são as complicações associadas ao vitiligo?

Dependendo da classificação de vitiligo diagnosticada (vitiligo vulgar ou vitiligo segmentar), cada um terá o seu prognóstico próprio com evolução variável. As manchas poderão manter-se estáveis, regredir parcialmente ou progredir para múltiplas regiões do corpo. No entanto, é extremamente raro que a pele volte a adquirir a pigmentação original nas áreas afetadas.

A prevenção secundária é altamente recomendada, principalmente por existirem fatores de agravamento do vitiligo que são transversais, tais como:

  • Stress;
  • Segregação social;
  • Depressão;
  • Cancro de pele;
  • Problemas de visão;
  • Perda de audição

É importante reforçar que, embora esteja associado a estes fatores de risco, o vitiligo, por norma, não impacta a esperança de vida.

 

Existe tratamento para o vitiligo?

Ainda não existe cura para o vitiligo, mas os pacientes podem recorrer a alguns cuidados e tratamentos para evitar o agravamento ou evolução das lesões já existentes. A fotoproteção de toda a pele (principalmente, na área despigmentada, mais suscetível a queimaduras solares) ao longo do ano é absolutamente essencial e uma das medidas mais importantes.

 

3 outros cuidados a ter com vitiligo:

  1. Evitar o uso de roupas apertadas e tecidos agressivos para a pele;
  2. Controlar a exposição solar durante todo o ano, principalmente na época alta;
  3. Mediar a autorregulação do stress (em alguns casos, tem demonstrado resultados muito positivos).

As possibilidades de tratamento são variadas, entre as mais comuns a aplicação tópica de corticoides, fototerapia e intervenções cirúrgicas. É fundamental reforçar que o tratamento para vitiligo deve ser individualizado ao diagnóstico e necessidades de cada paciente. O dermatologista será responsável por indicar e acompanhar a intervenção mais adequada para garantir um resultado seguro e eficaz.

Os tratamentos, por norma, ajudam no prognóstico, mas ainda existe uma grande variabilidade nos resultados, com uma eficácia de repigmentação que não ultrapassa a média dos 75%. A resposta ao tratamento varia de caso para caso, sendo, na maioria das vezes, lenta e sem garantias de que a pele afetada não voltará a despigmentar.

Tratando-se de uma doença crónica, mesmo com os tratamentos possíveis e com muitos pacientes (principalmente, mulheres) a recorrerem à maquilhagem para atenuar a exposição das manchas, recomenda-se que exista uma colaboração entre a intervenção em dermatologia e o acompanhamento psicológico especializado para processar o diagnóstico e proteger o comprometimento da autoestima.

 

Caso tenha outras dúvidas ou questões particulares que gostasse de esclarecer acerca do vitiligo, marque uma consulta com o nosso corpo clínico de Dermatologistas ao dispor para o/a ajudar.