A cirurgia vitrectomia é uma operação que tem como objetivo remover uma parte ou a totalidade do humor vítreo do olho.
Esta é uma operação oftalmológica muito comum para tratar algumas doenças da retina, mas também abrange outras complicações oculares que o procedimento é capaz de solucionar.
Pelas características únicas deste procedimento e pelas indicações específicas que a vitrectomia exige, neste artigo vamos explicar ao detalhe como funciona o procedimento, quais as indicações para a sua realização e outras considerações importantes a ter em conta.
O que é o vítreo?
Para compreendermos melhor como funciona uma vitrectomia, é importante entender o que é o vítreo e qual a sua função no olho.
O vítreo é um fluído transparente e gelatinoso que se localiza entre o cristalino e a retina e que ocupa grande parte do globo ocular. É responsável pela manutenção do formato do olho tal como o conhecemos e é composto, maioritariamente por água e uma pequena percentagem de ácido hialurónico.
O envelhecimento deixa o vítreo mais vulnerável com o passar do tempo, mas algumas patologias, traumas ou inflamações podem provocar lesão neste fluido e ter um impacto na qualidade da visão. É nesta lógica que procedimentos como a vitrectomia têm uma enorme importância da recuperação da acuidade visual.
Como funciona uma vitrectomia?
Através de um vitrectomo – um instrumento cirurgico – o cirurgião de oftalmologia localiza e repara a lesão ou condição que está a comprometer ou a defeituar a região vítreo-retiniada.
Na vitrectomia, o humor vítreo é substituído por uma solução salina que não provoca qualquer alteração na qualidade da visão.
Embora a vitrectomia tenha uma complexibilidade superior a cirurgias como LASIK ou até mesmo cirurgia de catarata, todo o procedimento é rápido, seguro e indolor para o paciente (recorrendo a anestesia local ou, menos frequente e mais regular em crianças, geral).
Dependendo do objetivo do tratamento (se do vítreo em si, se de outras condições oculares, como um descolamento da retina, por exemplo) a vitrectomia dura, geralmente, cerca de 15 a 20 minutos.
Quais são as indicações para realizar uma vitrectomia?
A vitrectomia pode ser indicada para um leque bastante abrangente de patologias ou condições oftalmológicas, permitindo uma recuperação da visão ou melhoria da acuidade visual.
Através da consulta de Oftalmologia, o/a Oftalmologista avalia caso a caso e determina se está elegível para a realização da cirurgia, despistando quaisquer fatores de risco que possam ter impacto pós-cirurgico.
É importante relembrar que, como já referido, o próprio envelhecimento provoca uma alteração natural das propriedades do vítreo, tornando-o menos firme (mais líquido) e mais vulnerável a condições como o descolamento do vitreo – onde os pacientes reportam, geralmente, o aparecimento de feixes na visão periférica – que devem sempre ser avaliadas em consulta.
9 indicações comuns para a realização de vitrectomia
- Doenças retinianas (descolamento da retina, vitreoretinopatia proliferativa, complicações da retinoplatia diabética);
- Inflamações do globo ocular com impacto no vítreo;
- Descolamento do vítreo;
- Pucker macular;
- Corpos estranhos ou lesões na cavidade vítrea;
- Hemorragia vítrea;
- Buraco macular;
- Complicações decorrentes da cirurgia de catarata;
- Complicações do glaucoma absoluto.
Quais são os riscos e complicações da vitrectomia?
Como em qualquer procedimento cirúrgico, a vitrectomia não está isenta de riscos nem de complicações.
4 Fatores de risco da vitrectomia:
- Descolamento da retina;
- Aumento da pressão intraocular (glaucoma);
- Hemorragia ocular;
- Catarata;
A vitrectomia pode causar catarata?
O risco mais comum da cirurgia de vitrectomia é o desenvolvimento de catarata – que pode surgir nos primeiros anos de pós-operatório. A razão pela qual este é o risco mais comum deve-se ao facto de o vítreo localizar-se atrás do cristalino – a lente natural do olho que nos permite ver com nitidez.
Quando realizada uma vitrectomia, pode desencadear um processo progressivo de opacificação do cristalino, causando catarata, já que é uma região muito sensível ao toque de instrumentos cirurgicos, diferenças de temperatura ou mesmo a trepidação causada pelo próprio procedimento durante a colocação da solução salina.
Esta é a principal razão pela qual uma vitrectomia deve ser realizada com um profissional experiente, com tecnologia de ponta que permita uma cirurgia precisa e que seja propriamente indicada por um Oftalmologista.
Quais são os cuidados a ter após uma vitrectomia?
Por norma, a vitrectomia é um procedimento rápido e em regime ambulatório, sem necessidade de internamento. Dependendo da complexidade do caso e da finalidade com que foi realizada a cirurgia, o tempo de recuperação é, também ele, variável, podendo ir de 7 a 30 dias.
Após a operação, o olho submetido à vitrectomia é coberto durante 12 a 24 horas, pelo que o regresso a casa deve ser feito com um acompanhante. É natural que nas primeiras semanas o olho possa desenvolver vermelhidão e alguma sensibilidade à luz. São também administrados colírios antibióticos e anti-inflamatórios para garantir a diminuição do tempo de recuperação.
7 Cuidados a ter após uma vitrectomia:
- Não esfregar nem tocar no olho;
- Não se aproximar de fontes de calor e vapor (lareiras, vapor de água do forno ou das panelas, por exemplo);
- Respeitar as indicações médicas relativas ao posicionamento da cabeça e as instruções para dormir;
- Evitar esforços físicos e atividades de alto impacto nas primeiras 4 semanas;
- Evitar o contacto com água do mar, rio, lago ou piscina durante cerca de um mês;
- Evitar o uso de maquilhagem e lentes de contacto no primeiro mês;
- O uso de óculos de sol é recomendado para colmatar a sensibilidade à luz nos primeiros dias.
No que toca à acuidade visual, um plano regular de consultas de Oftalmologia é essencial para detetar quaisquer sinais e garantir um diagnóstico atempado – com impacto no sucesso do tratamento e recuperação.
Na consulta de Oftalmologia, poderá esclarecer estas e outras dúvidas ou questões mais personalizadas sobre a vitrectomia – e avaliar se tem reunidas as condições para a realizar.